Na sua ausência costumava sentir
saudades. Agora sinto angústia. Agora vejo fantasmas. Repasso fatos, frases e
pessoas. Crio teorias conspiratórias que fazem todo sentido. Concateno
evidências ilógicas numa cadeia de raciocínio perfeita. Vigio, pesquiso e me
perturbo. Encontro o que não gostaria (ou o que na verdade, não existe) e me
acho tola.
As idéias tornam-se fixas. O
sopro é vendaval. A onda é maremoto. O trabalho é exaustão. O ruído é
insuportável. A preocupação é obsessão.
Com pesar, constato que preciso
te ter ali - ao alcance das mãos - para te sentir meu.
Enquanto você não retorna, vou
infligindo a minha alma uma sessão de torturas terríveis.
E suplico aos céus pela tua volta
para me desvencilhar dessa camisa de força e me trazer alguma paz.