"O poeta é um fingidor/Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente."
(Fernando Pessoa)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A parte que me cabe.

Soube de você hoje.
Lágrimas obstinadas em sair dos meus olhos. Luta difícil para mantê-las apenas no meu coração.
Uma intranquilidade apertou meu peito de tal maneira, que se tornou difícil concentrar-me na minha existência.
Meu chão estreitou-se. E surgiu uma vontade de estar ao seu lado que aumentava vertiginosamente.
Entretanto, minha participação na sua vida é nula.
Restou-me apenas aprender a dissimular. Arte difícil.
Assim sendo, enquanto minha alma está ávida por notícias suas, aparento simples preocupação.
Enquanto a tristeza fez morada dentro de mim, minha boca sorri o mais falso dos sorrisos.
Pois esta é a parte que me cabe: aguardar, sofrer e representar.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Outro lado.


Sono entrecortado.
Um calor dantesco toma conta do meu corpo.
Minha cabeça está a mil. Está em você.

Tento refazer na minha mente os caminhos que me levaram a gostar de você.
Procuro algum momento onde eu poderia ter dado um basta.
Não encontro.
Não sei o que está acontecendo comigo.
Sei que é errado. Sei que não devo.
Então pra que me entregar assim?
 
Ouvi tantas histórias.
Fiz julgamentos.
Fui preconceituosa.
Nunca imaginei que a vida me pregaria essa peça.

E agora, apaixonada... perdidamente apaixonada!
Dedos em riste, apontando pra mim.
Me pergunto como será minha vida, do outro lado.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Xadrez


Detesto jogos. Me vicio neles.
Prometi a mim mesma parar de jogar.
Contudo, há coisas na vida que se apresentam tão atraentes que resistir torna-se impossível.
Eis que agora já sou peça no tabuleiro.
Jogo viciante. Perigoso.
A cada movimento sinto-me em direção ao abismo.
Mas não quero parar. Não posso e nem vou.
Como será o desfecho dessa partida?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Trilhos

Hoje, olhando uma foto do entardecer na praia...
Não sei como, minha alma se transportou pra lá...
Uma paz de espírito me invadiu 
E esse é bem o meu momento, de paz!
Talvez seja o fato de finalmente eu ter conseguido expressar em palavras
Aquilo que amargurou meu coração durante anos
Talvez seja o fato de eu ter tirado o peso de uma relação das costas
Não sei...

O que sei é que agora me sinto  livre
E me imaginando caminhando naquele entardecer
Posso até dizer que estou feliz
Que estou pronta pra viver meus melhores anos

Na minha viagem, contemplo o horizonte...
Mas na verdade, estou contemplando a minha própria vida
E os trilhos que me fizeram chegar até aqui

Não teria feito diferentes escolhas se pudesse
Não teria escrito minha história com outros versos
Pois a mulher que sou hoje
Nasceu das coisas que aprendi trilhando meu caminho

sábado, 11 de dezembro de 2010

T.

Nos conhecemos de uma maneira não usual
Eu diria até ilícita
Compartilhamos pensamentos que não poderiam ser ditos em voz alta
O mundo não entenderia, não é mesmo?
Era apenas uma brincadeira, uma maneira de escapar da nossa realidade
Mas tomou dimensões pra mim inimagináveis
E de repente, eu sentia a necessidade quase que sofrida de estarmos juntos

Sabia que não tinha esse direito
Sabia que na nossa relação não havia espaço para sentir
O que ocorre é que não existia a menor possibilidade de eu reprimir meu coração
Então, me deixei levar... senti... sonhei...me apaixonei...

E quando eu pensei que essa paixão seria puramente platônica
Eis que surge a oportunidade de nos vermos
Então despi minha alma de qualquer vestígio de pudor
E a vesti da mais profunda sinceridade
Me preparando para finalmente
Experimentar a sensação de ter você em meus braços

Naquele dia, eu não me prendi a convenções
Os padrões de comportamento da sociedade me interessavam pouquíssimo
E o nosso beijo! Ah! Muito mais do que eu poderia prever
Foi um breve momento
Mas que vai ficar ali guardado...
Na caixinha de recordações? Não!
Naquela das possibilidades
Pois os sentimentos que atravessaram meu corpo naquele instante
Impedem que a minha mente raciocine que eu não posso querer você

Mas a realidade teima em bater à nossa porta não é?
E vem me dizer que será impossível
Nessas horas, abro aquela caixinha. E sonho.
Com a felicidade que eu iria experimentar
Se eu pudesse amar você.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Porque um dia você vai me deixar.

 
Vigio sua noite de sono
Sei que você pretende me deixar um dia
Isso me apavora
Porque não imagino mais minha vida sem você

Sei que devo me preparar
Porque sua partida é inevitável e certa
Mas dificilmente, quando esse dia chegar
Estarei suficientemente forte

Já trago comigo aquela saudade
Saudade do que vivemos juntos hoje
Das nossas risadas
Das tardes de filme deitados no colchão da sala
Onde eu olho pra você e tenho a certeza que amor maior não há

Te dou esse beijinho de despedida tão prematuro
E desejo que você seja muito feliz
Meu beijo atrapalha um pouco seu sono
Nessa hora eu percebo que ainda falta muito tempo
Agradeço a Deus e falo bem baixinho:
Boa noite meu filho!

Porque um dia você vai me deixar.
Mas esse dia está longe de chegar.