"O poeta é um fingidor/Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente."
(Fernando Pessoa)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Nóia


Como se eu tivesse entorpecida
Ela tomou conta de mim
E me fez falar coisas que não devia, não podia e nem tinha direito
Fez as cores lindas que estavam aqui
Se converterem em escuridão

Como se eu tivesse entorpecida
Fiz um julgamento errôneo
E acabei abrindo espaço para uma grosseria sem tamanho
Me transformando em algo que eu nem conheço

Mas enfim, como toda nóia, passa
E nessa hora, putz! Ressaca moral...
Ainda bem que quem me cercou nessa hora
Tem a compreensão em proporções gigantescas
E... por fim...está tudo como antes...

Antes da nóia.
Antes dessa loucura entrar na minha cabeça.

Sobre mim.

Eu poderia falar mil coisas ao meu respeito... que me tornassem mais atraente, mais inteligente, mais surpreendente...
Eu poderia dizer que sou a amiga de todas as horas, que choro sozinha sem motivo algum ou que mesmo em volta dos meus trinta anos, as vezes me comporto como uma menina...
Eu poderia dizer que acredito no amor e que suspiro quando vejo um bom filme...
Eu poderia continuar escrevendo por horas e horas sobre mim...
Mas acredito que, pra cada pessoa que entra na nossa vida, não só mostramos um lado novo, como também assimilamos para nossa personalidade aquilo que nos agrada...
Sendo assim, essa sou eu, mantendo a essência, mas em constante transformação.

domingo, 28 de novembro de 2010

Meu olhar.


Eu achei que eu tinha um olhar penetrante
Mas depois daqueles momentos, trocando olhares com você
Percebi que essa história não existe

Não dá mesmo pra penetrar
Não tem como eu saber o que está se passando na cabeça do outro
Não tem como você saber também

Saber da minha insegurança
Dos meus medos
Da fragilidade da minha alma

Saber que naqueles instantes
Minhas certezas foram se esvaindo
E de repente eu já não tinha mais aquela segurança de antes

Era apenas como todas as meninas bobas
Que olham pro telefone o dia todo
E que fazem dancinha quando ele finalmente toca
Que passam o dia com um sorriso nos lábios
E que por mais que tentem esconder
Todos percebem que estão caidinhas

E logo, o meu olhar penetrante já era
E só ficou aquele, de boba apaixonada.

Tinha uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra.



Ahhh...
Pedra maldita!
Levou teu sorriso
Apagou o brilho do teu olhar
E o balanço lindo dos teus cabelos
Quando andava daquele jeito que lhe era peculiar

Pedra maldita!
Te afastou dos teus
E hoje andas com quem quer apenas o teu mal...

Pedra maldita!
Tu eras tão linda, tão viva
Agora és apenas a sombra da pessoa que poderia ter se tornado

Que pedra é essa meu Deus?
Que é capaz de apagar toda a tua moral
Que consegue te deixar incapaz de sentir amor
Que traz com ela morte e destruição

As vezes, penso em pegar uma outra pedra
Mas essa bem grande
E bater com ela na tua cabeça
Pra ver se as coisas lá dentro
Voltam pro seu lugar

Mas eu sei, que por maior que seja essa pedra que eu pegue
Ainda assim, a tua pedrinha vai ser mais forte

Porque tinha uma pedra no meio do teu caminho
E ela um dia vai te levar pra sempre.

Quarentena


Você…
Que me beijou com a intensidade de três sóis.
Que se ajoelhou aos meu pés e me pediu para participar do resto da sua história.
Que pôs vida dentro do meu ventre.
Que trouxe para o meu mundo uma alegria que eu nem conhecia o sabor.

É de você que eu me despeço...

Não do que me deu migalhas.
Não daquele que subestimou minha capacidade de dar e receber amor.
Nem das noites que fiquei a esperar, vendo cada minuto passar de forma desesperadora.

Esse cara, eu apaguei da minha memória e o substitui por outro, um carinha de preto, de sorriso fácil, de atitudes despretensiosas, que só queria mesmo era se divertir... mas acabou encontrando o amor da sua vida, numa esquina barulhenta...

Assim me despeço, com um sorrisinho no canto dos lábios (aquele que você um dia amou) e a certeza que há salvação pra nós dois, embora agora, andemos em ruas distintas.

Quarentena is over baby!

Pulei

As cartas que eu não mandei
O beijo que eu neguei
Os dissabores de ser enganada
Os sonhos enterrados
A inocência perdida
A troca de olhares que poderia dizer tudo
Mas calava-se, acomodava-se

E dessa acomodação nasceu a indiferença
Que me pôs a almejar coisas distintas
Vi uma vida nova passando
Resolvi que era melhor pra nós dois, ou nós três... não sei...
Pulei!

Nessa outra vida, nesse outro mundo, te encontro às vezes
Um completo estranho...
Impressionante não termos nada em comum
A não ser, é claro, o fruto
O fruto de um amor que tinha muito a dizer
Mas preferiu calar-se

E calando-se percebi que outra voz começou a falar
E eu nem me lembrava mais dela
Era a menina dos meus olhos
Me dizendo que agora eu poderia ser feliz!