E você chega
para me falar que eu ainda não contei tudo. Que há fatos sobre a minha vida que
eu escondo. Que eu subtraio informações. Que não sou inteiramente verdadeira. Desafio
você a me perguntar. Prefiro que me fale espontaneamente – diz. E eu realmente
fico sem saber com qual objetivo. Mas faço uma ligeira idéia.
Acho que no
fundo (e na superfície também) você sempre espera o pior de mim. É seu
mecanismo de defesa. Sua fuga do meu amor. Sua maneira de criar uma fortaleza
para se proteger de mim. E de você mesmo. Dessa forma, acredito que espera
fervorosamente que algo que eu diga, atinja seu coração num nível em que se
torne fácil deixar-me.
Você me passa
uma imagem de quem está numa corrida desesperada para desatar todos os nós que
nos prendem. Concentra-se muito mais nas impossibilidades do que nas
possibilidades. Valoriza os defeitos e suprime as qualidades. Nenhum momento
feliz parece ser bom o suficiente, na medida em que nunca deixa uma sensação
duradoura, ao passo que os ruins, esses sim deixam marcas profundas.
Claro que não
conservo um pensamento tolo, de achar que poderíamos viver um amor de conto de
fadas todos os dias (embora tenhamos momentos nos quais acontece), mas prefiro
ver a vida sob uma ótica bem mais otimista: se nos gostamos, ficamos juntos. Se
fizermos felizes um ao outro, permaneceremos unidos. Simples assim.
Ainda assim,
pretendo abrir o livro da minha vida para você e mostrar as páginas não lidas
(inclusive colando algumas que foram arrancadas). Porém, não pretendo revelar
segredos, esclarecer inverdades, nem fornecer armas para que possa alimentar seus medos e
bater em retirada. Farei
isso, para que me desvende, colocando minha vida em suas mãos, fazendo com que
entenda de uma vez por todas que depois que seu caminho cruzou com o meu, nossas
vidas mudaram. Para melhor. E se depender de mim, até o fim.
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