"O poeta é um fingidor/Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente."
(Fernando Pessoa)

terça-feira, 22 de março de 2011

Doce de amor.

Minha tia faz um doce de leite!!! 

Fico imaginando os segredos da sua receita.

Ao prová-lo, sou levada àquela parte da minha vida onde não havia preocupações. Dias em que a vida tinha o colorido e o sabor que eu desejasse. Dias em que as alegrias eram as mais sinceras.

O doce vem com a voz da minha vó – diga-se de passagem, a autora da receita – me ensinando o “be-a-bá”. Posso até ouvi-la. Juro que sinto o seu cheiro e me lembro do seu rosto.

Pode um simples doce me remeter ao que minha vó me ensinou? Fazer lembrar o aprendizado das primeiras letras? Letras ontem, hoje poemas.

Meu avô também está. Brilhante, literalmente Brilhante, com suas frases de efeito: - Difícil não é ser, é permanecer sendo. Acho que ele tinha um quê de Shakespeare...

E é difícil mesmo "permanecer sendo", quando o mundo quer exatamente o oposto.

Preciso dizer isso a ela - a minha tia querida: As horas que você "perde" fabricando essa delícia são diretamente proporcionais a alegria gigantesca que eu sinto ao prová-la.
Meus eternos agradecimentos por este doce de leite, digo, doce de saudades. 

Ahhh saudades...
Saudades com gosto de doce de leite... que poderia bem ser chamado de doce de amor!

Bença vó?

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